Sonhos Azuis

Aprendi a sonhar, ainda criança, na escola de ensinamentos que meu pai prodigalizava.
Foi uma herança precoce, o olhar caleidoscópico sobre um mundo, feito de todas as cores que há e das que devia haver. Porque, a imaginação, só perde ao cingir-se ao real.
Lembro-me bem do dia, em que o ensinamento se me afincou. Estávamos num imenso areal, olhando o oceano que se perdia na linha do horizonte. As mãos, cheias de conchas diversas, troféus da caminhada pelas areias molhadas de uma maré baixa. Olhou o infinito, como quem sabe olhar para lá do visível. Aprontou um sorriso, com que pontuava cada um dos ensinamentos com que nos brindava e disse: – “quase três quartos deste nosso planeta azul estão cobertos por rios, mares e oceanos. Uma colossal massa de água cuja imensidão nos ultrapassa e, no entanto, não são mais do que pingas juntas”. E para que não nos ficasse qualquer tipo de dúvida, mergulhou a mão na água e borrifou-nos com algumas gotas.
Olhei de novo o mar, já com outros olhos. Agora, consciente de quanta pequenez (gotas) há na imensidão. Nessa noite sonhei com imensos mares azuis. E o sonho tornou-se recorrente, antecipando a capacidade de sonhar acordado. Sim, eu sonho acordado e os meus sonhos não têm antolhos nem limites.

Filipe da Silva, Lisboa 01/08/2011

Esta entrada foi publicada em Filosofia de Vida.. ligação permanente.

Uma resposta a Sonhos Azuis

  1. Teresa Miranda diz:

    O sonho comanda a vida… 🙂

Deixe um comentário